Autora: Isabel Costa
Quando perguntamos a alguém o que mais deseja na vida, normalmente a resposta é ser feliz, claro que implícito está saúde e amor.
Mas, na vida real, a felicidade é constantemente desvalorizada ou adiada. A “felicidade não põe o pão na mesa” ou como dizia a minha mãe “achas que a vida é amor e uma cabana?”
Claro que tudo isto tem crenças e memórias condicionantes.
Outras vezes a felicidade é “adiada” para o início de uma carreira, um casamento, ter filhos, atingir a reforma e ainda a ilusão de muitas pessoas “serei feliz quando ganhar o Euro milhões, isso sim!”
E assim, as pessoas vão vivendo aguardando ansiosamente os fins-de-semana, as férias, a realização de sonhos que ficam no pensamento e quando um dia “olham para o relógio” a vida está na reta final deixando o sabor amargo de tempo perdido, de sonhos nas nuvens….
Porque desvalorizamos a felicidade se é uma meta tão importante?
Em primeiro lugar temos muitas crenças negativas a respeito disso, tal como mencionei anteriormente algumas frases que muitos ouvimos na infância.
A primeira crença é que a felicidade incentiva a preguiça!
Hoje em dia sabemos através de muitos estudos realizados a nível empresarial que isto está muito longe da verdade, pois colaboradores mais felizes são mais produtivos e mais criativos. A criatividade é um dos efeitos amplificadores da felicidade.
A segunda crença é que as pessoas se tornam egoístas! Errado! Uma pessoa feliz é mais compassiva com o sofrimento alheio, voluntaria-se para causas sociais e de apoio aos outros, inclusivamente sentem-se mais dispostos a doar o seu próprio sangue.
A terceira crença é que a felicidade é passageira! Se não vai durar muito porquê dar-lhe tanta importância?
Na realidade este sentimento está ligado a um medo profundo dentro de nós, o medo de não ser capaz de lidar com a perda, então é melhor não esperar muito porque assim o sofrimento é menor.
Estas são as crenças, mas o maior problema está na definição de felicidade. O que é a felicidade para si caro leitor (a)? Se possível faça uma pausa nesta leitura e por uns instantes questione-se e escreva o que lhe surgir.
Para atingirmos e concretizarmos algo na vida, precisamos parar e refletir. Se definir a felicidade como prazer sensorial, sem dúvida será algo efémero.
Festas, comidas, diversão, sexo, tudo isto é temporário e muitas vezes com consequências negativas para a saúde e nos relacionamentos interpessoais.
Se a sua felicidade residir numa sensação de superioridade em relação aos outros no trabalho, exibir os seus troféus sejam materiais ou até de relacionamentos, também um dia vem a derrocada ou a mudança.
Se definir a felicidade como amor ou conexão, tem o potencial de durar muito mais. Sem dúvida que também há momentos da vida mais felizes e de realização em relação à maior parte da vida, são os cumes da montanha, mas não vivemos sempre no cume.
Então como podemos encontrar o equilíbrio para nos sentirmos felizes independentemente do que sucede na vida exteriormente?
Olhando a vida como perfeita com todas as suas imperfeições e com um sentimento de abundância de que todas as nossas necessidades são cuidadas.
Eu sei que a vida tem muitos desafios e momentos de dor e por exemplo não vamos atravessar a perda de um ente querido e amado com alegria.
Mas, podemos atravessar com aceitação e paz no nosso coração de termos dado todo o nosso amor, carinho e entrega aquele ser e que estava no momento da sua travessia.
Um ditado oriental diz que nenhum homem atravessa o mesmo rio duas vezes, pois nem esse homem é o mesmo, nem o rio, nem que seja com uma diferença de minutos, a água está sempre a fluir e o nosso corpo sempre em mudança mesmo impercetível aos nossos olhos.
Viver com aceitação e paz permite-nos ser felizes e encontrar o “pote de ouro” em cada momento da vida e assim ter abundância sempre.
Ser feliz é um projeto de vida, uma aprendizagem que vem com os momentos tristes também, tudo faz parte desta viagem terrena única para cada um de nós.
Trilhamos o caminho dos nossos antepassados com todas as heranças que nos deixaram boas e más, mas podemos ter um novo olhar para a vida e dizer “eu recebi isto, vou abraçar esta experiência da melhor forma possível”.
Nós podemos ser felizes sempre, não poderemos estar eufóricos ou a viver deleitados em prazer permanente, mas podemos encontrar uma profunda alegria na vida pela paz, serenidade mudando o que estiver ao nosso alcance para melhor não apenas para o individuo mas para toda a sociedade.
A felicidade está nas nossas mãos e na nossa escolha diária.
Namaste

Sobre a Autora
Embaixadora da Paz da FMPM desde 2011
Autora do primeiro livro escrito em Portugal sobre alimentação crudívora (“Pela Sua Saúde!” – Editora Ariana) e de um livro de alimentação vegan e sem glúten com histórias para crianças (“Era Uma Vez Um Hambúrguer!” – Editora Ariana) e co-organizadora do Congresso Multidisciplinar (em parceria com a ComMedida) sobre Alimentação Saudável com 1 ou 2 edições anuais reunindo profissionais de várias áreas da saúde e do país durante 6 anos.
Atualmente é Consultora da Felicidade a nível individual (através de consultas) e em grupo (através de formações online) e a nível organizacional. Dá consultas de Hipnoterapia em vários locais na zona da Grande Lisboa.